top of page

Já pensou em se aventurar na escrita de um livro?

Escrever, para mim, representa um ato de esvaziamento. É através da tessitura das palavras que eu consigo pôr ordem nos meus pensamentos, aliviar a minha ansiedade e até celebrar os momentos bons do cotidiano. Com isso, ao longo dos anos, fui acumulando escritos, até que resolvi me debruçar sobre eles na posição de leitor. Nesse momento, eu fiz uma seleção de tudo aquilo que era desabafo e o que constituía em histórias que eu gostaria de ler; daí nasceu o meu primeiro livro, “o que não é mais”; feito de pequenos contos, crônicas e tentativas de poesia.

Ver o livro publicado é um caleidoscópio de sensações. Como autor, vem o orgulho e a satisfação de ver a nossa criação de forma palpável, ao mesmo tempo em que causa certa insegurança com a receptividade do público. Por mais que sejam ficções, há muito de quem escreve nos textos e, com isso, as percepções – positivas ou negativas –, muitas vezes, esbarram no pessoal. Por outro lado, como leitor, é o deleite dos rituais – sentir a textura da capa e das páginas internas, sentir o cheiro do papel impresso e, claro, (re)aventurar nas histórias que se desenrolam naquele mundo inventado.

Há alguns anos, a popularização dos livros digitais parecia colocar em xeque o futuro dos livros físicos. Felizmente, ainda que grandes livrarias estejam passando por importantes questões de ordem financeira, o mercado editorial ainda permanece aberto às novidades, sobretudo as pequenas casas que valorizam e potencializam os novos autores – e os próprios leitores que, na contramão da economia, permanecem cultuando a literatura como a arte que ela é e com a importância que representa, afinal, a literatura é a escrita que, nas palavras do crítico russo Roman Jakobson, “representa uma violência organizada contra a fala comum. A literatura transforma e intensifica a linguagem comum, afastando-se sistemicamente da fala cotidiana”.

 

Márcio Eduardo Borges é mineiro de Conceição dos Ouros (MG). Jornalista pela Universidade do Vale do Sapucaí e especialista em língua e literatura pela Universidade Metodista de São Paulo, já atuou com assessoria de imprensa, tanto no setor público como privado, tendo feito trabalhos para rádio, internet e televisão. Como autor, escreveu o livro-reportagem "De porta em porta" (2012), o artigo "Entre o real e a ficção: as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum" (2016) e a coletânea de contos e crônicas "o que não é mais" (Chiado, 2018). Atualmente, vive em São Paulo.

bottom of page