Marca e consumidores: quem é realmente usado?
QUE MARCA EU SOU?
Thiago Sales*
Se fizermos uma análise histórica, antes dos rótulos, surgiram as embalagens, com a mesma função que é produzida nos dias atuais: funcionalidade, proteção e conservação. Obviamente, com o aprimoramento do design, a sofisticação e modernização das embalagens são cada vez mais exploradas, o que antes era feito de couro e fibras, hoje deu espaço a camadas de metais polidos e vidros quimicamente desenvolvidos para armazenar seu conteúdo da melhor maneira.
Pois bem, então existiam embalagens que protegiam comidas, iguarias e inúmeros outros produtos e foi neste contexto que surgiram os rótulos. Era necessário diferenciar os seus pertences dos das demais pessoas e estes eram armazenados em embalagens, então nada mais eficaz do que rotular as embalagens de maneira única, visando sanar possíveis perdas e problemas.
Entendido como surgiram os rótulos, é perceptível como, em sua essência, a função não mudou, mas é ainda mais alarmante o valor agregado que as marcas carregam em seus rótulos (entendamos rótulos, neste momento, não somente como um papel impresso colado em garrafas, mas sim como a marca, nome ou o famoso termo brand).
Façamos agora uma análise rápida de ‘conteúdo versus marca’: conteúdo, por definição literal, é:
1- Aquilo que está contido, ou encerrado, dentro de alguma coisa.
2- O assunto de que se trata em algum documento, e marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada.
Entendido a definição de cada uma, percebe-se a importância de se identificar seu conteúdo como forma de diferenciação, neste âmbito encontramos o ponto de conexão, onde soma-se conteúdo mais marca, resultando em lucro.
Entendido e conectados os termos, atentemos agora para nossa realidade. As pessoas consomem produtos/serviços pela marca ou pelo conteúdo? Futilidade? Influência? Qualidade?
Segundo o site Kantar WorldPanel, especialista global em comportamento de consumo, que realiza pesquisas sobre as marcas mais escolhidas e o crescimento delas no mercado, destaca que a Coca-Cola segue como a marca número um pelo terceiro ano consecutivo, apesar de ter perdido pontos na pesquisa, a Dove, da Unilever, ficou entre as top 10 pela primeira vez, as batatas Lays (da PepsiCo), Doritos e Cheetos foram as marcas que tiveram maior crescimento entre as Top 10, a Downy, da P&G, foi a que mais cresceu, pelo segundo ano consecutivo e a Lifebouy teve o CRP mais forte entre as top 10, e registrou aumento de 12% em gastos. Então pensemos, porque essas marcas foram destaque e não as outras concorrentes delas, com qualidade equiparada?
A resposta vem em uma única palavra: Brand! Os consumidores atuais levam em consideração fatores que outrora não eram tão valorizados e percebidos, como imagem, design, o visual; é como diz a expressão popular: “consumimos com os olhos”.
Arrisco a dizer que, não é que antes o design, o visual, a estética não eram usuais, mas percebo como foram aflorados e melhor explorados no contexto sociocultural em que vivemos hoje.
A relevância das marcas sobrepõe a importância de seus conteúdos, não que um ande sem o outro, longe disto, mesmo porque uma marca bem construída requer um serviço/produto de qualidade, mas essa ‘geração do visual’ que cada vez se fortalece, estabelece pré-julgamentos, pois o nível de confiança que as “marcas queridinhas” passam é tão alto que rebaixam seus concorrentes na mente do seu target, impedindo, involuntariamente, que ele consuma e tenha reações positivas quanto à marcas diferentes.
As marcas parecem, cada vez mais, invadir a intimidade de seus consumidores, com uma credibilidade alta, ela é capaz de mantê-los por anos em suas “rédeas” e conquistar aqueles que ainda não a consomem. É o que disse Wally Olins, britânico especialista em branding:
“Branding: persuadir os de fora a comprar e persuadir os de dentro a acreditar”.
*Thiago Sales é aluno do 7º período do curso de Publicidade e Propaganda da Univás.
A geração dos rótulos. Pontos de conexão.
Uma percepção sobre o distanciamento entre rótulos (marcas) e conteúdo (produto/serviço).
Até que ponto selecionamos os produtos/serviços que consumimos pela marca e não pelo conteúdo?