

Moda, celebridades e publicidade: a construção da identidade do consumidor
Mercado - Celebridades e propaganda: útil ou fútil?
Filipe Carvalho*

* Filipe Carvalho é aluno do 5º período do curso de Publicidade e Propaganda da Univas.
Hoje em dia, é inegável o papel influenciador da mídia brasileira na formação de ideais e opiniões. E quando se fala em mídia, já nos vem em mente os jornais de TV e sites de jornalismo, que hoje sofrem com a desconfiança de grande parte da sociedade. Desconfiança gerada a partir do questionamento, de que alguns veículos defendem suas próprias ideologias e interesses, principalmente na política. Assim surge a opinião de que a mídias manipulam e adaptam os fatos de acordo com os interesses, principalmente pela busca de audiência.
Podemos englobar neste cenário de influencias sobre a sociedade, os programas de humor, de entrevistas e sobre cotidiano, tanto na TV, quanto no rádio. A internet também se encaixa neste sentido, principalmente pelo boom de informações que temos acesso hoje.
Mas quando se trata de influenciar, a publicidade e propaganda é carro chefe. Vemos essa influência dela, principalmente na utilização de celebridades da TV e internet na venda de suas marcas e produtos. Não é de hoje que marcas e celebridades andam juntas.
A utilização de celebridades visa prender atenção dos consumidores e transmitir estilos de vida e ideias. As marcas aproveitam a presença e a personalidade do famoso para associar ao uso de seus produtos. Esperando um encantamento e relacionamento dos consumidores, especialmente dos fãs da personalidade.
Em 2011, em uma matéria publicada pelo portal Meio & Mensagem, foi constatado que a cantora baiana, Ivete Sangalo, foi vista em nada menos do que em 1.480 inserções comerciais na TV brasileira, somente, nos primeiros quatro meses do ano. Isso, divulgando e associando sua imagem em pelo menos 6 empresas.
É inevitável a percepção de que famosos podem sim influenciar nossas vidas e opiniões. Mas, nem tudo é positivo para a marca. Inúmeros casos polêmicos envolvem a associação da imagem do famoso ao produto e seu uso. Um dos casos mais famosos, é o da campanha publicitária da empresa Friboi, estrelada pelo canto Roberto Carlos. Vegetariano assumido, o cantor aparece no vídeo, em um restaurante com um prato de carne em sua mesa. Em pouco tempo, a ação virou piada nas redes sociais, o que causou prejuízo e estremeceu a credibilidade do cantor e, principalmente, da marca.
Com os consumidores mais ativos e mais próximos as marcas, a utilização de famosos em comerciais não atinge mais o mesmo valor de antigamente. Claro, que não quer dizer que uma boa e criativa ideia de campanha, com a utilização do famoso não obtenha um resultado positivo.
Com este cenário, as marcas e agências publicitárias devem traçar melhor o perfil do seu público para não cometer gafes como no caso Friboi. Além do alto cachê cobrado pelas celebridades deve-se levar em conta a opinião do consumidor, cada vez mais crítico e antenado à proposta das marcas.
Relembre o caso Friboi
A contratação milionária de Roberto Carlos aconteceu depois que executivos do grupo JBS descobriram que o cantor tinha voltado a comer carne, após quase 30 anos.
Nos comerciais da Friboi, o cantor aparecia em um restaurante com um prato de carne a sua frente. Ao fundo, tocava o refrão da música "O Portão", conhecida pela frase "Eu volteeeei!". A campanha, no entanto, não foi bem aceita pelos telespectadores e virou assunto e piada nas redes sociais, já que o cantor não aparecia comendo a carne no comercial.
Essa não é a primeira vez que o grupo JBS usa globais em seu elenco de marketing. Diferentemente de Roberto Carlos, o ator Tony Ramos teve bom desempenho como garoto-propaganda da Friboi.